ATA DA SÉTIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 30.01.1992.
Aos trinta dias do mês de janeiro do ano
de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Sétima Reunião Ordinária da Quarta Comissão Representativa
da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Dilamar Machado, Ervino Besson,
Isaac Ainhorn, João Dib, Letícia Arruda e Vieira da Cunha, Titulares, e Cyro
Martini, Não Titular. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Vereador Ervino Besson que
procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, determinou que fossem
distribuídas em avulsos cópias da Ata da Sexta Reunião Ordinária que,
juntamente com a Ata da Quinta Reunião Ordinária, deixou de ser votada face à
inexistência de “quorum”. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios Circulares nºs 01/92,
da Câmara Municipal de Santa Cruz do Sul, e 425/91, da Câmara Municipal de
Igrejinha. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib classificou como
“incompetente e desonesta” a atuação da administração municipal, principalmente
com relação ao Imposto Predial e Territorial Urbano, comentando declarações
feitas pelo Executivo Municipal à imprensa, de que Sua Excelência seria
responsável por parcela desse Imposto atualmente cobrada da população. O
Vereador Isaac Ainhorn lamentou a ausência, no Plenário, de representantes do
Partido dos Trabalhadores, dizendo omitirem-se eles de debates que são
importantes para a comunidade porto-alegrense. Discorreu, ainda,sobre a
votação, na Casa, do Projeto de Lei Complementar do Legislativo no 03/92. Em
COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Vereador Dilamar Machado falou sobre anúncio
divulgado na imprensa, acerca da implantação, na Cidade, dos Conselhos
Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, denunciando, como Vereador
da Casa, problemas no referente às inscrições para Conselheiros Titulares e
solicitando a prorrogação do prazo e a maior divulgação dessas inscrições. Às
dez horas e quatorze minutos, constatada a inexistência de “quorum” para a
Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando
os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dilamar Machado e
João Dib, este nos termos do artigo 11, § 2º do Regimento Interno, e
secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário
“ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, apôs lida e aprovada,
será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR.
PRESIDENTE: Para uma Comunicação de Liderança, com a palavra, o Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no dia 15 de maio faz 40 anos que
ingressei no Serviço de Habitação Popular, hoje DMHAB, que V. Exª Sr.
Presidente, teve a satisfação e o orgulho de ser Diretor.
Ao longo desses 40 anos nunca vi uma administração
tão sórdida. Estou realmente bravo, porque, ao longo de três anos, venho, aqui,
nesta tribuna, para dizer que é uma administração honesta. Hoje sou obrigado a
dizer que é desonesta. Não tem sentimento de honra, não tem consciência do que
seja honra, e a sua Bancada é igual, pois assinou e não cumpriu. Estamos no Rio
Grande do Sul, e disse, desta tribuna, no dia da eleição da Mesa, que esperava
que para os Vereadores a palavra não fosse um mero latido, porem eles continuam
ladrando nas ruas desta Cidade. Ladrando de forma incompetente, desonesta e
burra. Hoje li que eu inventei o IPTU. A administração Popular e os seus
asseclas, aqueles que estudaram, que tem que investir o dinheiro do povo em
publicidade para formarem uma imagem, porque, em agosto do ano passado, não
tinham imagem para enfrentar uma
eleição, e não fui quem disse, vou ler tudo isso, aqui, agora, desta tribuna.
Aqueles que encontraram 55,5% da população dizendo que o transporte está pior
do que antes. E o Dr. Tarso Fernando diz que 64% afirmam que é muito melhor do
que antes, aqueles que encontraram em seus estudos que 32,2% da população é mal
atendida nas suas comunidades pela administração que tenta ser popular, mas que
é desonesta, burra, incompetente, analfabeta, porque nenhum deles, por certo,
passaria num concurso para gari, porque qualquer concurso na Prefeitura é
necessário que o concursado, que o pretenso participante conheça a Lei
Complementar 133, e os analfabetos, desonestos e burros que lá estão atribuem a
este Vereador pela Lei 133, que aqui está, que é o Estatuto do Funcionário
Público Municipal, de 31 de dezembro de 85, sejam responsáveis pelo IPTU dos
boxes. Engraçado, ano passado não tinha isso, canalhas, patifes, ladrões do
dinheiro dos municipários, aplicam multas, quando a Lei Complementar n° 7 diz,
claramente. Que é preciso uma notificação, um auto de infração e possibilidade
de defesa, agora, para a Popular não há necessidade, porque eles são os donos
da Prefeitura, são os donos de tudo, são os cães que ladram, não falam, mordem,
não cumprem as suas palavras, porque não tem nenhuma sensibilidade para as
coisas do povo, uma cachorrada, é o que eles são, porque não sabem nem o que
diz a Lei Complementar 133, mas saem a agredir. Eu não inventei o IPTU, o IPTU
existia antes de min em Porto Alegre e no mundo, talvez, porque atribuir a este
Vereador o saque que se faz à população, saque que se faz aos municipários, sem
mostrar onde está a razão, saque que se faz mostrando valores, para o povo, de
um jeito, onde dizem que estão gastando 62% com o pessoal, mas para os
municipários mais de 73%. É, acho que o Rui Barbosa tinha razão, o homem chega
a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto, agora, tenho vergonha de ter
dito, nesta tribuna reiteradas vezes que esta Administração ao menos é honesta.
Mas eu até não estava sozinho, porque no relatório que eles fizeram a população
também diz a mesma coisa, honesta, mas incompetente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Comunicação de Liderança, por cinco minutos, com a Bancada do
PDT, Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, depois de uma importante
autoconvocação extraordinária, porque a Câmara de Vereadores cumpriu com
dignidade e honradez o seu papel e quando ainda o debate se encontra presente
em relação à polêmica questão do IPTU na cidade de Porto Alegre, nós observamos
na Comissão Representativa da Câmara de Vereadores de Porto Alegre a omissão
dos Vereadores do Partido dos Trabalhadores, a omissão de Vereadores que
deveriam estar aqui presentes para justificar as posições do Executivo
Municipal, mas não se fazem presentes, se omitem do debate, não tem coragem de
enfrentar o debate aqui nem fora. Aliás, eu fiz a proposta que o Prefeito
Olívio Dutra rompesse com a tecnocracia que tanto de direita quanto de esquerda
é prejudicial para o destino da Cidade e do Estado e as assumisse uma posição
que ouvia a população. Não é o Bacharel Olívio Dutra que na questão da abertura
do comércio aos domingos que resolveu promover audiência pública, e aqui se
reuniram meia dúzia de gatos pingados, e esta meia dúzia de gatos pingados fez
com que o Prefeito Olívio Dutra vetasse o Projeto da abertura do comércio aos
domingos. Pois, por que o Prefeito Olívio Dutra e o Sr. Tarso Fernando Genro,
não têm a coragem agora de convocar a população se esses estão tão tranqüilos
quanto à presença daqueles que fizeram o orçamento participativo? Por que eles
não convocam a população em audiência pública? Por que não têm coragem de ouvir
a voz da população; porque sabem que estão isolados no Passo Municipal; porque
sabem que a sua atitude é antipopular; porque sabem que a Câmara de Vereadores,
representando a vontade da Cidade de Porto Alegre na sua esmagadora maioria,
cumpriu o seu papel, estabelecendo uma legislação mínima, básica, para minorar
o sofrimento da população que se vê acossada por taxas e tarifas de serviços
públicos! Pois, nós ficamos aqui perplexos. Sabemos muito bem que essas audiências
públicas nada mais são do que atitudes demagógicas, muitas para empurrar com a
barriga as coisas para a frente. Por que não reúnem a população em audiência
pública? O Ginásio Tesourinha é um bom lugar para isso, o ginásio que ele não
construiu e quer dizer que é o autor; na Usina do Gasômetro, que ele não
construiu e quer dizer que a dita Administração Popular construiu; na Avenida
Beira Rio, nós fazemos um comício para ouvir a população. Mas o Prefeito não
tem coragem e nem o Vice-Prefeito. O vice é especialista em ir para a mídia da
televisão e do rádio junto com o Sr. João Verle para sustentar as suas
antipopulares condições, mas não tem estrutura para enfrentar a audiência
pública. Desafio o Sr. Prefeito Municipal, o Sr. Vice-Prefeito e o Sr. João Verle
a terem a altivez de convocar a população para uma audiência pública, para
saber o que a população pensa sobre o Projeto que os Vereadores votaram aqui.
Eu assisti ao orçamento participativo, peça demagógica, em que o Sr. João Verle
expunha o que era o orçamento da Prefeitura, falava o Sr. Tarso Fernando Genro,
em notória campanha política, usando os espaços e os funcionários da Prefeitura
e, depois, davam dois minutos para cada representante dos segmentos da
população falar e faziam uma ata de
anotação das reivindicações. Ora, alguém é ingênuo? Que tenham a coragem, o Sr.
Olívio Dutra, o Sr. Tarso Genro, e assuma a posição de convocar a população. Só
que talvez o Ginásio Tesourinha seja pequeno, talvez nós tenhamos que ir lá
para o Beira Rio para ele enfrentar a voz da população. É isso que nós, neste
Plenário, desta tribuna, o desafiamos a fazer: promover uma audiência pública e
ouvir a voz da população. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Solicito ao Ver. João Dib que assuma a condução dos trabalhos
para que eu possa, em tempo de Presidência, me dirigir ao Plenário.
(O Sr. João Dib assume a Presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (João Dib): A palavra, com o Ver. Dilamar Machado.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o assunto que vou
levantar da tribuna, neste momento, não o faço na condição de Presidente do
Legislativo, mas na condição de Vereador como qualquer um dos companheiros
desta Casa. Ontem assisti nos meios de comunicação ao anúncio patrocinado pela
Administração do Município, a respeito da instalação dos chamados Conselhos
Tutelares da Criança e do Adolescente. No slide de apresentação final desse
anúncio, dizia: “Inscrições até dia 31 de janeiro”. Indiscutivelmente não há
nenhuma pessoa capaz de entender o que quer dizer inscrições até dia 31 de
janeiro, nenhuma por mais inteligente, por mais culta, por mais sábia, por mais
esotérica, nenhuma pessoa vai entender que inscrições são essas! Inscreve-se
quem, Presidente Dib? Se inscrevem as crianças, os adolescentes? Atrás desse
anúncio há uma manobra da Administração do Município de Porto Alegre que quero
denunciar como Vereador, para não misturar com a relação interpoderes. Essas
inscrições, Ver. Isaac, Ver. Ervino e Ver.ª Letícia, significam o seguinte:
pessoas que vão disputar eleições para conselhos tutelares, com emprego
garantido por três anos e direito a reeleição por mais de 3 anos, sendo o
salário equivalente ao nível técnico-superior do Município de Porto Alegre. O
companheiro Ribas não pode me responder, mas como dirigente que foi, até pouco
tempo do nosso Sindicato e como funcionário municipal sabe que com os valores
atuais o salário desse nível anda por volta dos oitocentos mil cruzeiros e não
é exigido nenhum índice, nenhum grau de escolaridade para esses conselheiros
tutelares, nenhum grau. Qualquer pessoa que esteja inscrita até o dia 31.01,
devidamente registrada vai disputar essa eleição e vai ganhar um emprego por 6
anos, ganhando 800 mil cruzeiros, sem concurso público, sem nenhuma
qualificação. E a Administração do Município que se diz popular, que faz tudo
às claras, tudo com a maior clareza, põe na televisão: Inscrições abertas até
dia 31. Mas que inscrições? Mas por certo existem muitas pessoas privilegiadas,
apaniguadas, chegadas a atual administração, militantes do Partido dos
Trabalhadores que já estão inscritas lá para disputar, sem qualquer outra
participação de pessoas menos avisadas e não privilegiadas. E o Problema de ser
Lei Federal é outra história, todo mundo sabe, porque aqui ninguém é ingênuo,
que foi uma Lei Federal que criou os Conselhos Tutelares, mas é que a
administração do PT está muito sabida, ela usa a Lei Federal e está no silêncio
e na surdina recrutando militares do PT para serem os Conselhos Tutelares, para
ganharem 800 mil cruzeiros por mês, sem curso superior, e a maioria esmagadora
do Município de Porto Alegre não sabe que vai ter prazo até amanhã para se
candidatar futuramente a esses serviços.
Então, eu estou levantando esse problema de forma
bem clara, bem objetiva, e vou solicitar ao Jornalista Adauto Vasconcelos, que
é o ponto de ligação entre esta Casa e o Executivo, para que esse prazo seja
imediatamente prorrogado, para que se dê amplo conhecimento a Cidade e não
apenas a alguns de que haverá essa eleição para Conselheiros Tutelares. E não
inscrições abertas até o dia 31, porque isso é forma de mascarar realidade e
enganar a população.
O SR. ERVINO
BESSON: V.Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dilamar
Machado. V.Exª está fazendo uma explanação na tribuna muito importante, muito
interessante, inclusive este Vereador já participou de duas reuniões da maneira
como está sendo feita, como estão sendo feita, como estão sendo escolhidas
essas pessoas, inclusive numa das reuniões não fiquei até o final, porque não
aceito a forma como está sendo feito, porque é uma questão extremamente séria;
é uma questão em que talvez a população, a própria comunidade não se deu conta
do que representam os Conselhos Tutelares. As pessoas não entendem e além de
não entenderem muitas pessoas não sabem que têm que ser pessoas preparadas para
lidar com as crianças, não adianta eleger uma pessoa que não tenha
conhecimento, não tenha aquele dom para lidar com as crianças. Creio que é um
problema importante e que a Cidade toda tem que participar junto nesta
discussão, inclusive a sociedade organizada. Uma das questões que coloquei é
que vai ser um órgão criado senão se fizer um trabalho em cima das pessoas,
pessoas que tenham condições e capacidade, serão eleitas pessoas que
simplesmente não irão trazer aquela contribuição que as nossa crianças
necessitam. Então, repito mais uma vez, muito importante, creio que toda a
Casa, todos os 33 Vereadores que representam essa Cidade tem que se inteirar
nesse assunto para ajudar a escolher as pessoas que vão concorrer, é tipo uma
eleição que vai haver.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Ver. Ervino, agradeço ao aparte de V. Exª e quero dizer
que eu, particularmente entendo a criação dos Conselhos Tutelares como um
avanço para a sociedade para a proteção de milhões de crianças e adolescentes
abandonados nesse País e cujos futuros totalmente comprometidos pela droga,
pelo desemprego, pela nobreza, pela inanição e pela miséria social. O que eu
não concordo é com a forma como vem sendo conduzida esta pretensa eleição. A
Lei é clara, haverá uma eleição e não é uma eleição qualquer; é uma eleição em
que o povo vai escolher os conselheiros tutelares. Quanto a isso eu não tenho
nenhuma preocupação, Ver. Isaac Ainhorn, o povo vai escolher os conselheiros
tutelares assim como escolhe os seus Vereadores, só que nós, Vereadores ou
candidatos temos consciência meses antes de que no dia três de outubro haverá
uma eleição e que nós temos que nos
desincompatibilizar eventualmente de algum cargo, nos preparar, fazer
material, procurar os nossos eleitores, mas agora, essa eleição, tecnicamente
ele é correta, agora, o que está errado, o que está mascarado, o que está
perigosamente colocado é o anúncio, até amanhã é o prazo fatal para que as
pessoas se inscrevam para ter o direito de disputar a eleição para conselheiro.
Pergunto a todos companheiros presentes, até o companheiro Adauto, que é o
representante do Prefeito: onde se inscrever, com quem se inscrever, quais são
os requisitos para essa inscrição? Vejam, V.Exas., que essa é uma questão
extremamente séria. A maioria esmagadora da Cidade não tem conhecimento desse
assunto.
O SR. ISAAC
AINHORN: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acho que o
fato que V. Exª está levantando da tribuna da Câmara é extremamente grave.
Embora, tenha dito que nesta oportunidade assumia a tribuna como Vereador, como
Presidente da Câmara. Acho que a questão levantada por V. Exª é tão grave e tão
relevante que pediria, exatamente a V. Exª, na condição de Presidente do
Legislativo desta Cidade de Porto Alegre, investido dessa condição, assumisse a
responsabilidade de questionar exatamente a questão fundamental da prorrogação
deste prazo pela importância que tem esses conselhos; pela importância que tem
pronunciamento. Seria difícil separar a figura do Ver. Dilamar Machado da sua
condição de Presidente da Casa. Apelo a V. Exª que assuma essa questão,
exatamente na investidura dupla de V. Exª: de Vereador e de Presidente do
Legislativo Municipal da Cidade de Porto Alegre.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Agradeço ao companheiro Isaac. Só para finalizar, o
Conselho Tutelar é um avanço da sociedade brasileira, indiscutível isso. Está
na Constituição Federal, está regulamentado, não há nada de errado com a
criação dos Conselhos Tutelares. O que há de errado, o que há de maracutaia, é
que a maioria esmagadora da população de Porto Alegre não sabe que o prazo para
se inscrever para ser eleito é amanhã. Só quem sabe são os apaniguados, os que
chegam ali, junto ao poder, só estes sabem, só estes estão inscritos; não sei
quantos estão inscritos; não tenho nem idéia de quantos e quem são os
inscritos. Só sei que a pessoa, para ser conselheiro tutelar, não pode ser
débil mental, não pode ter prejuízo de saúde mental, não pode ter ficha
criminal, tem que ter, pela menos, honradez pública e comprovada experiência no
trato com crianças e adolescentes. Como vai-se comprovar isso eu não sei, deve
ter algum sistema. O que me leva, companheiro Adauto, a requere que V.Sa. se
comunique com a Administração do Município é a prorrogação deste prazo, e que
haja, efetivamente, uma divulgação clara. Não sou contra os conselhos, sou a
favor, sou contra a forma como foi feita essa convocação de futuros eleitos,
porque são pessoas que vão ganhar 800 mil cruzeiros por mês, a valores de
agora, durante três anos, com direito à reeleição. Seis anos, é melhor que ser
eleito Vereador, é quase mandato de Senador da República. E são 40 pessoas que
vão ser pagas pelos cofres do Município, pelo contribuinte. É indispensável a
prorrogação desse prazo - e me dirijo ao jornalista Adauto, não há nenhum
Vereador do PT na Plenário, e V.Sa. vai ser o porta-voz da Presidência da
Câmara - sob pena de levantarmos imensa suspeição sobre esse Processo. E, se
não for prorrogado esse prazo, e se forem confirmados as inscrições, nós vamos
examinar os inscritos. E se sentirmos que o que estamos desconfiando é uma
realidade, nós vamos usar os mecanismos cabíveis, para corrigirmos esta
situação, que eu considero grave. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(Às 10h13min, o Sr. Dilamar Machado reassume a
Presidência dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE: Não há mais inscritos para Comunicação de Liderança. Não
havendo mais matéria e inexistindo "quorum", encerramos a presente
Sessão.
(Levanta-se a Reunião às 10h14min.)
* * * * *